Matéria de 30 de outubro de 2011 - Reportagem de Bruno Silva
Dos
gramados europeus aos álbuns de figurinhas
Nascido
em Curitiba, foi na capital que José Antônio Brotto, o Zé Antônio, começou sua
carreira no futebol. Em 1972, começou nas categorias de base do extinto Clube
Atlético Ferroviário, que se fundiu com Britânia e Palestra Itália para dar origem
ao Colorado (que posteriormente fundiu-se com o Pinheiros para criar o Paraná
Clube).
Com
a fusão, Zé Antônio passou a jogar no Colorado. Em 1973, teve seu contrato Profissional
assinado com o clube curitibano. No ano seguinte, foi vice-campeão do
Campeonato Paranaense. No ano de 1975, teve uma breve passagem pelo Iguaçu, de
União da Vitória, e depois retornou ao Colorado. No mesmo ano, disputou o
Campeonato Brasileiro pelo Coritiba, retornando ao Colorado em 1977. Nesse ano,
chegou à equipe do Londrina Esporte Clube, no qual ele se consagraria. Jogando
pelo Tubarão, Zé Antônio esteve presente na equipe que ficou em terceiro lugar
no Campeonato
Brasileiro. Além da campanha memorável na competição nacional, foi campeão da
Taça de Prata, a Segunda Divisão do Campeonato Paranaense, em
1980, e da Primeira Divisão do Estadual, em 1981. “Fiquei no Londrina até 1982.
No final daquele ano, fui para o América do Rio. Depois me convidaram para jogar
no Olaria, que era um time da Segunda Divisão, a qual conquistamos em 1983”,
relembra.
Em
1983 e 1984, Zé Antônio disputou o Brasileirão pelo América. Foi transferido
para o Comercial, de Ribeirão Preto (SP), mas retornou ao clube carioca no ano seguinte.
Em 1986, disputou mais uma vez o Campeonato Brasileiro, mas desta vez pelo Nacional Futebol Clube, de Manaus (AM). No ano
de 1987, retornou ao Colorado e 13 anos após iniciar- se no futebol, Zé Antônio
encerrava sua carreira. “Foi aí que encerrei
a minha carreira. Eu já estava bem ‘esgotado’. Ficava às vezes, cinco meses sem
receber, e precisava pagar as contas, foi quando resolvi parar. Depois fui convidado
para vir pra Cascavel. Gostei da cidade e é onde estou até hoje.”
Devido
à boa atuação no Campeonato Carioca, pelo Olaria, Zé Antônio foi convidado a
participar da Seleção do Rio, que iria fazer uma excursão na Europa, onde ficou
por 52 dias. “Fizemos uma campanha muito boa. Jogamos a primeira
partida em Paris. A gente achava que íamos perder, mas acabamos empatando.
Depois fomos participar de um torneio na Bulgária, com times da Itália, da Alemanha,
da Inglaterra, e com esse torneio vieram outros jogos”, conta. “Na Europa,
enfrentei grandes jogadores como Jean Tigana e Alain Giresse, da França, Mario Trejó,
do México. São jogadores fora de série”, complementa. Mas as histórias de Zé
Antônio no Velho Continente, ficaram só na memória. “Quando cheguei da Europa,
acabei deixando minha mala dentro de um táxi. Perdi muitas fotos, diários, jogos,
nome dos atletas, tudo. Foi uma pena”, lamenta.
Em
toda sua carreira, Zé Antônio teve algumas decepções. “Parei de jogar com 31
anos. Teria condições de jogar mais uns quatro ou cinco anos. Sempre me cuidei,
alimentava-me bem, por isso poderia ter jogado mais. Mas tem coisas que o
torcedor não sabe que se passa dentro do clube. Já fiquei muito tempo sem
receber salário e precisava
sustentar a casa. Quem ia dar de comer à minha família? O
torcedor não ia dar. O diretor não quer saber disso, ele quer que você entre no
campo, jogue e ganhe, mas você tem os problemas fora”, conta. Esse foi o
principal motivo que fez Zé Antônio deixar o futebol de lado. “Em 1988, eu
estava no Colorado e me neguei a treinar. Estava há cinco meses sem receber e
disse que não ia treinar
mais. Conversei com um diretor do clube. Disse a ele que não aguentava mais e
que voltaria a treinar se me pagassem. Foi onde eu abandonei minha carreira”,
complementa.
Assim
como para qualquer jogador, o fim da carreira foi difícil. “Foi complicado.
Quando você ganha dinheiro, você gasta bem. A partir do momento que você não
tem mais isso, acaba pensando no que vai fazer no futuro. Acaba pirando”, diz.
Depois do fim da carreira profissional, o futebol continuou no cotidiano de Zé
Antônio. “Logo que cheguei a Cascavel, fui convidado a disputar o um campeonato amador.
Disputei alguns campeonatos e acabei deixando de lado, porque era muito violento e nunca gostei de
violência. Ainda jogo futebol suíço. As ‘peladas’ do fim de semana matavam a
vontade de jogar bola”, explica.
Futebol Cards
Zé
Antônio tinha uma coleção com figurinhas de jogadores do Campeonato Brasileiro,
inclusive a dele próprio, mas acabou perdendo. Então, um torcedor deu a ele o
cartão com a foto. O cartão contava uma breve história de cada jogador do
campeonato. O verso contém curiosidades sobre ele: “Sua carreira teve início em
73 jogando pelo Colorado do Paraná. Sempre atuando pelo futebol paranaense,
chegou ao Londrina onde fez parte da equipe que realizou excelente campanha no
Campeonato Brasileiro de 77. Sua maior vitória aconteceu neste momento do
campeonato quando o Londrina venceu o Vasco por 2 a 0”.
Página revista e atualizada em 09/09/2021
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